Sempre tive ânsia pelas mudanças, não era apenas a vontade de querer mudar, mas o desejo de ser alguém melhor todo dia. Sempre busquei e continuo buscando a perfeição em mim e nas coisas, mesmo sabendo da impossibilidade de alcançá-la. Hoje, continuo com o aperto no peito de quando não atinjo o que espero, com os ouvidos ainda mais atentos para escutar as palavras duras, com os olhos encharcados quando vêem a maldade, com uma boca tagarela de dar medo quando se cala, e com os braços sempre abertos para acolher os amigos. Hoje, volto a me descrever por acreditar ter alcançado as mudanças que mais desejei. Agora sou aquela que segue em passos curtos, embora, muito provavelmente, eles sejam maiores que a maioria. Hoje, existem aqueles dias em que empurro tudo com a barriga, outros faço revoluções, sou intensa. Hoje, sei de algumas coisas e muito sobre mim mesma. Hoje, perdi um pouco da fé nos outros, infelizmente. Hoje, sou menos boba que ontem. Hoje, sou menos menina que amanhã. Hoje, vejo a modificação de alguns dos meus valores. Hoje, ainda mantenho certos hábitos; Hoje, percebo não ter buscado ser uma pessoa intocável, muito pelo contrário, busquei ter todos por perto. Hoje, ainda enxergo bem, enxergo fundo, enxergo o que nem sempre desejo. Hoje, escuto perfeitamente bem e quando convêm sou mais surda que uma porta. Hoje, não sou muito direta, gosto das entrelinhas. Hoje, possuo os mesmos três amores (Deus, família e amigos) mais clássicos e acrescentei um quarto e um quinto amor. Hoje, sonhar continua sendo para mim a válvula de escape mais perfeita e a falsidade o vilão mais perigoso. Hoje, costumo perder o sono, apagar as lamparinas do juízo e perder a chance de ficar quieta. Hoje, dificilmente me irrito. Hoje, sorrir para mim não é só força do hábito. Hoje, eu resolvo entrar em crise com o tempo: eu não quero crescer, quero colo e quero voar em terra.