INSUBSTANCIALIDADE
E vou cedendo a confluências de idéias,
extravasando sentimentos rebuscados
como fosse, o abstrato desta poesia,
na heresia da emoção,
em tema de quinta categoria,
sem noção do que é bom poema ou não.
No entanto, não atento ser mais uma.
Arquiteto o lugar exato do feliz projeto
ou ato o ato, quiçá, da infeliz ruína.
Esqueço o espírito, entidade menina
e a alma aflita que com medo da sina, está.
Que seja então feita a minha vontade!
Direi não a iniquidade destes dias mórbidos
Entregando o castiçal sagrado a ele, o ladrão!
Que roube logo tudo, que leve com ele o marasmo,
este imenso sarcasmo dos dias nublados,
do frio arquitetado das estações,
a rotina incessante, a hipocrisia das emoções,
a ausência perversa do sol, o cinza dos dias ermos,
a sombria face da saudade a versar, felicidade!
Aí então, perceberei que a bem da verdade,
todos estes versos refletem a minha própria identidade.
Render-me-ei aos pés do oleiro e direi:
- Sim! Foi minha a culpa!
Foi minha, a tão grande culpa!
©Siomara Reis Teixeira
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