Habitude
Vou acabar me acostumando com sua ausência. É triste constatar que a gente pode se acostumar a alguma coisa assim, mas é o que acontece.
Acostumamo-nos com a dor, com a solidão, passamos a viver com elas e tratá-las de amigas.
Sim... Amigas! Porque são elas que estão próximas, apesar de tudo, quando nos encontramos com a gente mesmo. Elas se fazem companheiras. E para evitar que caiamos num abismo profundo, elas nos envolvem com sua capa e nós nos deixamos levar, envolver, acalentar.
É dolorido, muito dolorido, mas não espere me ver chorar.
Prefiro viver como se não fosse, como se não sentisse.
Vou ver o outro lado da vida.
Quando você voltar, ainda estarei aqui, porque te amo, porque essa é minha condição... E porque aprendi a te esperar, apesar de tudo.
As horas são ingratas, às vezes; elas se apressam quando estamos juntos e tornam um enorme prazer ao serem longas e intermináveis na sua ausência. Então não vou mais olhar pra elas em nenhum momento. A minha vida não vai ter ponteiros.
Quando você voltar, vou te amar mais ainda, vou te amar como nunca... Mas talvez dentro de mim eu já tenha aprendido que posso viver sem você.
Letícia Thompson