Aí sim
Eu tô é cansadérrima de andar por aí sempre com o olhar estreito, de desconfiança. Eu quero mesmo é dar a cara à tapa. Foda-se, pra mim chega. Vou viver que parada assim não dá mais. Eu pensei que com esse muro todo a minha volta eu não sofreria mais, enganei-me até a última! Sofro e não é pouco. Sei que no momento em que eu destruir esta muralha vai chover pernas preparando rasteiras e punhos fechados e coisa ruins, mas é preciso, sabe? Viver aqui dentro é ainda mais difícil, sufoca. E um dia eu teria mesmo de sair desse fosso sem fim. E que seja agora, enquanto ainda é tempo. Já pensou eu sair quando já tiver numa idade avançada e não saber me proteger nem de um velhinho de bengala? Eu hein! Prefiro sair agora e sofrer tudo e me preparar pro futuro. Então, é com grande prazer que olho de cabeça erguida para os inimigos e digo, em alto e bom som que estou de volta e pronta pra continuar “bom trabalho aí pessoal, mas não foi dessa vez que vocês me venceram”.