Tenho medo das palavras. Tenho medo do que posso escrever se libertá-las. Elas coçam meus dedos, anseiam por serem postas em papel, de serem tinta, de serem reais. Tenho medo da realidade. Tenho medo de ver escrito os sentimentos que mais temo. Quero vê-los trancados no calabouço mais fundo d’alma. Mas se escrevo me liberto, sendo assim liberto o que há de mais profundo e triste em mim. Essa dor que sinto, que não me deixa em paz. Que quer ser lida, quer ser sentida. Pois eu não quero senti-la, mas estou aqui, escrevendo. Pondo-a para fora. Vêem como as palavras têm poder sobre mim? Veem como a tristeza tem poder sobre mim? Eu vejo. Vejo na escrita. Nessas linhas tristes sobre sentimentos que poderiam ter sido bons, mas não o foram.