Dentro de cada alma existe um universo inteiro de perdição.
Cada alma conta a sua história, sua memória,
sua histeria, sua glória
até o motivo de haver desencarnado.
Parecem ser seres que simplesmente não existem.
Parecem ser apenas vento, um sopro de Deus
que partiu de lugar indeterminado... de indeterminado lugar veio,
e para indeterminado lugar irá.
E pela eternidade vagueiam rumo a lugar nenhum,
Lamentando por seus próprios erros, seu próprios pecados
Mas carregam os espinhos dos corações de todos os demônios
que vivem entre nós.
Os gemidos exprimem todo o sofrimento que lhes passamos.
O silêncio demonstra sua inocência,
E os caninos amarelados são as únicas armas que insistem em nos mostrar.
Seus olhos arregalados, assustados...
Sua respiração ofegante...
Seus suspiros contorcidos...
Sua face desfigurada...
Sua carne dolorida...
Seus ossos estraçalhados...
Sua pele extirpada enquanto ainda vivia!
Nós apenas ignoramos o martírio de tantos,
E aproveitamos o seu sangue, seu sofrimento, suas lágrimas amargas,
Seus gritos por socorro.
Observamos a tortura de cada um, deliciamo-nos com tamanha carnificina,
bebemos todo o seu sangue como um vampiro maldito.
Achamos que temos o direito de chamá-los de bestas,
Mas na verdade,
Nós somos as bestas!
Cerramos nossos olhos, fingindo sermos as verdadeiras vítimas
Mas, na realidade, somos condenados por justa causa.
Continuamos alegando inocência,
quando na verdade está escrito em nossas testas a sentença: culpado!
E por isso vivemos nesta prisão imunda,
E somos condenados a vaguear pelos confins da escuridão eterna
de nossa própria consciência abandonada.
Não haverá um anjo algum para salvar a minha
ou a sua alma,
Pois tampouco há um guardião
Que guie tantas almas perdidas!