Ó terra ingrata,
por onde um dia passei
na plenitude da vida
à tristeza roguei
Embalsamado em meus sonhos
Entrevado sob a realidade
Salpicado pelo sangue nobre
Da negra ave da maldade
Companheira de outras eras
Lembrança em minh’alma
Abatida em vôo sombrio
O submundo agora a salda
Desatinos líricos
fortalecem o coração empedrado
Firme áurea reluzente
Na sombra do passado
Sincera inocência perdida
Fugaz amante louvada
Serena morbidez expira
Feito certeira flechada
Não há mais busca
Estranha e total demência
Apenas uma terrível luta
Instintiva sobrevivência
Marcado pela dor
Entorpecido pelo ópio
Desde as mais longínquas noites
Perseguido pelo ódio
Suave veneno que corroe
maldita angústia no peito
Preparando o ser sórdido
Para seu fúnebre leito
Sinfonia mórbida ecoa
dos doces lábios da donzela
A melancolia me chama
E agora me vela
Bendita paz derradeira
À ela e à mim defere
Eterno sepulcro solitário
Não há morte que a leve