Aprendizado do Amor.
Diz a lenda que o Senhor, após criar o homem e não tendo mais nada sólido para construir a mulher, tomou um punhado de ingredientes delicados e contraditórios, tais como timidez e ousadia, ciúme e ternura, paixão e ódio, paciência e ansiedade, alegria e tristeza e assim fez a mulher e a entregou ao homem como sua companheira.
Após uma semana, o homem voltou e disse:
-Senhor, a criatura que você me deu faz a minha vida infeliz. Ela fala sem cessar e me atormenta de tal maneira que nem tenho tempo para descansar. Ela insiste em que lhe dê atenção o dia inteiro... e assim as minhas horas são desperdiçadas. Ela chora por qualquer motivo.
Facilmente fica emburrada e fica às vezes muito tempo ociosa. Vim devolvê-la porque não posso viver com ela. Depois de uma semana o homem voltou ao Criador e disse:
-Senhor, minha vida é tão vazia desde que eu trouxe aquela criatura de volta!
Eu sempre penso nela: em como ela dançava e cantava, como era graciosa, como me olhava, como conversava comigo e como se achegava a mim.
Ela era agradável de se ver e de se acariciar. Eu gostava de ouvi-la rir. Por favor, dê-me de volta.
-Está bem, disse o Criador. E a devolveu.
Mas, três dias depois, o homem voltou e disse:
-Senhor, eu não sei. Eu não consigo explicar, mas depois de toda esta minha experiência com esta criatura, cheguei à conclusão que ela me causa mais problemas do que prazer. Peço-lhe, tomá-la de novo! Não consigo viver com ela!
O Criador respondeu:
Mas também não pode viver sem ela.
E virou as costas para o homem e continuou o seu trabalho.
O homem desesperado disse:
-Como é que eu vou fazer? Não consigo viver com ela e não consigo viver sem ela.
E arremata o Criador:
Achei que, com as tentativas, você já tivesse descoberto:
Amor é um sentimento a ser aprendido:
É tensão e satisfação.
É desejo e hostilidade.
É alegria e dor.
Um não existe sem o outro.
A felicidade é apenas uma parte integrante do amor.
Isto é o que deve ser aprendido.
O sofrimento também pertence ao amor.
Este é o grande mistério do amor.
A sua própria beleza e o seu próprio fardo.
Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício ao lado da satisfação e da alegria.
A pessoa terá sempre que abdicar alguma coisa para possuir ou ganhar uma outra coisa. Terá que desembolsar algo para obter um bem maior e melhor para sua felicidade.
É como plantar uma árvore frente a uma janela. Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem.
Troca o silêncio pelo gorjeio da passarada ao amanhecer.
É preciso considerar tudo isto quando nos dispomos a enfrentar o aprendizado do amor.
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