O céu entristeceu-se e escureceu…
As estrelas apagaram-se assustadas…
Dos seus olhos deslizaram grossas lágrimas
de um azul cristalino … pesadas e frias…
Inundaram-me a alma…
Confundo-me com o silêncio e a noite.
Relembro o adeus que não viveu
e o esplendor com que se despediu.
O coração ensinou-me a delimitar espaços
mas a ortografia do meu sentir
desenha a agonia de um silêncio que perdeu o fôlego.
Os sonhos vão envelhecendo comigo,
alguns já se desfizeram…
outros…mastigo-os com lentidão
num trilho de pensamentos desordenados
em momentos lânguidos
num silêncio que me queima a alma.
Nesta angústia plena de rouquidão
a (in)certeza cai
e deixa as palavras adormecidas…
A minha vida sem ti é um rascunho
amarrotado … angustiado … desfragmentado…
Nestes momentos…
só a escrita me preenche este vazio que a saudade criou…
Nas palavras encontro um modo de entrar
no teu sorriso … no teu olhar…
e desenrolar as memórias agradáveis
que sobreviveram neste tempo de tristeza
e que jamais cessam de cintilar na minha mente.
A alma mostra-me estas imagens,
elas enovelam-se no meu Eu
e adormeces aconchegado a mim…
Neste deserto de recordações,
em palavras soltas,
bordo de esperanças os trilhos que percorro.
Peço ao vento que sopre forte
para me levar o cansaço das noites mal dormidas
escuras … sombrias … sofridas …
E na mais pura fantasia
ouço violinos tocarem suaves melodias
onde deslizam palavras aureoladas de pingentes de luz…
Ausento-me deste livro da vida
teço poemas em sonhos bordados a filigrana de ouro
e voo, nas asas de um coração
partido … mas não vencido!
ML/Mariana Loureiro
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