Quando, à noite, o Infinito se levanta A luz do luar, pelos caminhos quedos Minha tactil intensidade é tanta Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!
Quebro a custódia dos sentidos tredos E a minha mão, dona, por fim, de quanta Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos, Todas as coisas íntimas suplanta!
Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado, Nos paroxismos da hiperestesia, O Infinitésimo e o Indeterminado…
Transponho ousadamente o átomo rude
E, transmudado em rutilância fria, Encho o Espaço com a minha plenitude!
Augusto dos Anjos
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