Dar os ossos a outros ossos.
O sangue, a alma, e a vida!
Chorar a dor alheia e a própria ferida.
Esmigalhar a rotina com mãos de aço.
Se entregar serena a um calor de abraço.
Esquecer a si mesma e o cansaço.
Pisar a rotina com passos duros,
Descansar na retina os infortúnios.
Velar o sono alheio, alheia ao próprio sono.
A espera do nunca veio mergulhada no velho sonho.
Alegre sendo sem que nada a faça.
Triste como quem resiste
O caçador amando sua caça
Essa dama antiga trajando vestes modernas.
Mostrando a alma e um pouco mais das pernas.
O olhar, o corpo, o flerte.
Asas invisíveis, lágrimas plausíveis.
Voando alturas impossíveis
Por si mesma e por tantos.
Essa nova velha dama.
Da guilhotina a loucura,
Da água viva, a secura!
Essa senhora de escravos,
Escrava de seus senhores.
A menina que sempre sonha,
Com anjos e com sabores
Essa mulher que não dorme.
Que se veste e fantasia,
A bruxa do tempo ido,
A dama dos nossos dias!
Claudia Morett
→.●๋♫ کØl ♫●.←
════ : : -«✿»-: : ════
.