QUANTAS VEZES?
Quantas vezes tenho pensado em
ti como quem apela para um milagre,
como que acredita que, de
qualquer modo, há de
recuperar, de súbito,
o tempo perdido?
Quantas vezes tenho
pensado em ti como
quem volta à infância,
ou como quem sai de
um túnel.
Como é que podes
estar em mim e ser
ao mesmo tempo inatingível?
Se eu te buscasse nas nuvens,
será que te encontraria?
Estás em mim e fora de mim.
És mito e realidade, forma
nítida e sombra esquiva.
Só em sonhos é que já foste minha:
só nos momentos de
solidão absoluta é que
realmente te encontro.
Emílio Moura
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