Eu poderia ser mais fácil. Poderia ter gostos menos distintos, assim eu
seria apenas uma sombra no meio da multidão que tanto busca a
diferença. O grande problema tem como ponto central o exato momento em
que paramos para discutir o sentido da palavra ""diferença"". Diferença
na minha opinião, se trata de agir ou criar conforme não foi feito
antes. Na literatura, o movimento modernista pode representar bem esse
significado. Mas qual seria o fundamento de fazer como nunca foi feito,
fazer por fazer, apenas por chamar a atenção da ignorância atenta e
interessada para a polêmica que isso provoca? E que lição o mundo
tiraria disso? Uma geração-produto sem peso na história. Que não tem
propósito, mas não quer repetir o passado. Que se afoga na própria lama
de falsas espectativas e dilemas prontos cuspidos no vácuo. Eu poderia
pensar de forma diferente sobre isso. Mas não posso, minha admiração
está presa no ponteiro do relógio, ha anos atrás. Anos em que a astuta
maneira em que as pessoas reivindicavam seus direitos era extremamente
presente. Anos que eu gostaria de ter vivido, me sentiria mais
presente. Nessa geração perdida, a revolução é dos velhos. Que estão
cansados de permanecer num mundo fútil recheado de soberba. Pensar
sobre o dia de hoje, pode dar dor de cabeça, um martelar incansável que
grita tudo o que o presente nos impõe: Use isso, beba aquilo, compre
aquele. Porém todos querem ser diferentes,não é? O mais incrível dessa
filosofia interminável é uma simples reflexão: Pare. Olhe ao redor.
Quantos usam isso? Quantos bebem aquilo? Quantos compram aquele? E
quantos dizem ser diferentes do que a sociedade impõe? É
contraditório,não? As pessoas continuam se importando em ser
diferentes. Mas se esqueçem do melhor,

da essência. Deitam em seus travesseiros tranquilos pensando em que
roupa usar amanhã. E se esquecem de que neste mundo onde cada um faz
suas proprias leis, os diferentes são todos iguais.



Musica do dia: longe de você - Charlie Brown Jr.

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