(...) Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno.
Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu.
Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele
aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua
fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua
dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber
como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante
de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está
mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda
assim, doer.
Martha Medeiros
Martha Medeiros