Olho-te e me vejo em ti.
Contemplo-te e me encontro mas não aceito,
até rejeito!
Sombras do passado dançam na minha mente
de repente...
E pode até ser que fui o que vejo
num lampejo.
Ouço a melodia suave que envolve a tua história
contraditória
Encontro-me nela mas não insisto,
resisto...
Envolve-me o perfume suave que conheço
e não esqueço.
Muito tarde percebo que já ocupei
os teus espaços
E descubro teu mundo, teus anseios, teu calor...
Jorram em mim tuas lembranças,
teus embaraços
e sinto a dor do teu coração que se partiu por amor.
Sorrio teus sorrisos,
danço os mesmos compassos,
corro os mesmos riscos e mando o mesmo recado...
Sinto a mesma tristeza de perder os mesmos abraços
Canto no mesmo tom
e cometo o mesmo pecado!
Penetro nos teus sonhos
e me aposso dos teus segredos.
Não sei se, de ti, tudo roubei
ou se o que era meu recuperei
Entrei nas tuas entranhas... Pertenço-te, me pertences.
Suave criatura que já fui e que se perdeu em mim
Retornes ao passado esquecido
e revivido...
Ou talvez tenhas sido o mais belo sonho
que eu tenha sonhado...
Devolvo-te a tua moldura!
Entrego-te ao meu passado!
Cleide Canton Garcia