Às vezes eu me pego pensando na imensa quantidade de gente que fazia parte da minha vida e que não faz mais. Eu tinha tantos amigos e uma vida social bem intensa; eu amava todo mundo e tinha facilidade em desenvolver afetos. Eu só elogiava com superlativos.
Tanta coisa mudou, tantas escolhas me mudaram e os meus lugares também não são mais os mesmos: nem a minha disposição. E por um tempo eu fiquei tentando entender aonde foram parar aquelas pessoas todas e para onde foi a minha intensidade...
Hoje eu percebo claramente que, dentro dos ciclos de abertura e fechamento da vida, sendo tudo fluxo e energia dinâmica, salvo o que se foi porque tinha mesmo que ir, existe uma explicação que elucida essa questão: eu nunca tive muitos amigos, eu só conhecia muita gente. Eu não era tão intensa, eu era apenas excessiva.
Eu sempre tive amor dentro de mim, mas o Outro era foco da minha carência. E, ainda, das várias vezes em que eu cogitei estar entediada, era somente uma falta de familiaridade com o que, hoje, eu chamo de paz.
A busca pelo autoconhecimento fez com que eu me tornasse o meu material de trabalho.
Marla de Queiroz
Livro: E se a porta que você procura for um espelho?