A gente sabe quando o tempo de algo chegou ao fim. A gente sabe, mas finge não saber, porque é mais fácil lidar com a ilusão. O perfume acabou, mas você tem esperança de que no fundo do frasco ainda haja um vaporzinho capaz de te perfumar. O vinho secou, mas você vira a garrafa desejando uma última gota capaz de te embriagar. O sapato não serve, mas você insiste em calçar. O café esfriou, e você não tem nenhum fogareiro para requentar. As gavetas estão cheias de tralha, e você reclama que falta espaço para algo novo chegar
— FabÃola Simões (