Um belo dia a gente se olha no espelho e descobre que está velho.
A gente acorda de manhã e descobre que não ama mais a uma pessoa. Um avião passa no céu e a gente descobre que não pode ficar parado onde está nem mais um minuto.
Zás. Nossos pregos já não nos seguram.
Costumamos chamar essa sensação de "cair a ficha", mas acho bem mais poética e avassaladora a analogia com os quadros na parede.
Cair a ficha é se dar conta. Deixar cair os quadros é um pouco mais que isso. É perder a resistência, é reconhecer que há algo que já não podemos suportar.
Não precisa ser necessariamente uma carga negativa, pode ser uma carga positiva, mas que nos obriga a solicitar mais força dentro de nós.
Nascemos, ficamos em pé, crescemos e a partir daà começamos a sustentar nossas inquietações, nossos desejos inconfessos, algum sofrimento silencioso e a enormidade de nossa paciência. Nossos pregos são feitos de material maciço, mas nunca se sabe quanto peso eles podem aguentar.
O quanto podemos conosco? Uma boa definição de felicidade: Ser leve para si mesmo.
Martha Medeiros.