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Surdos sons da alma que grita.
É dia, mas o sol não apareceu,
Escondeu-se atrás do céu acabrunhado.
Deixando-me entregue ao pranto meu.
A chuva cai descontraída,
Como quem nada quer
Molhando o telhado
E tudo o que puder,
Penetrando no âmago da terra ressequida
Que a absorve de boca escancarada.
Com desejo de vida
Com volúpia de mulher
Com desespero de condenada.
Plantas e flores cantam louvores
Num hino de surdos sons aos meus ouvidos
Que nada sei
Que nada posso ouvir,
Além dos grunhidos de minha alma
Expondo o vazio que não acalma
Como incômodos latidos
Que tanto desejo calar.
Num acorde de sinfonia
A toda essa melancolia
Uma lágrima ameaça surgir
Feito versos de poesia
Que só desejam gritar.
O mundo numa visão desbotada
Cinza sob a nuvem carregada
Anunciando o silêncio das constelações
Flores com menos cores
Na ausência de amores
Na solidão dos corações.
Fechou-se a porta e a janela molhada,
Silenciou-se o burburinho das crianças lá fora,
Protegidas no abraço da mãe preocupada
Apenas a certeza da chuva agora,
Calou-se o canto do pássaro faceiro
Que morava no meu jardim...
Apagou-se o sorriso zombeteiro,
Do poeta que tudo vê e tudo sabe...
Na natureza, minha tristeza não cabe,
Apenas o ruído da chuva agora
Numa forte gargalhada
Se rindo de mim...
Lídia Sirena Vandresen
(24.07.08)
Amigos queridos me visitando...
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