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Asas negras
Anjo de asas negras, pesadas, cansadas,
Na roupagem sem brilho, mágica ou esplendor
Anjo sem graça, leveza, música, poesia,
Anjo, embora apagado, quase morto, sem cor.
Voas sem destino, em desatino, por voar apenas...
Tens amor, carinho, atenção, reparo e cuidado,
Sorrisos, amigos, amores, flores e poemas
Por que estás cabisbaixo, derrotado?
Anjo que não vibra, não protege nem conduz,
Não ilumina, não ampara, é o que queres ser?
Anjo assim é nada, sal sem gosto, sol sem luz
Dispa-se das pesadas asas e venha viver!
A águia que se recolhe no entardecer da vida,
Arranca o bico, unhas e penas sangrando ferida,
Despe-se também tu do velho para renascer,
Sofra o que é preciso e, como ela, retorna fortalecida.
Lídia Sirena Vandresen (07. 04. 08)
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