*
*
*
*
Mãe-menina.
Ela podia de casinha estar brincando, de princesa ou bambolê,
Cabelos ao vento, pés descalços, ou ninando uma boneca,
Cantando melodias ouvidas há poucos anos, quando bebê,
O sorriso maroto, estampado no rosto, correndo moleca.
Podia entre amigos na escola da vila aprender geografia
No seu modo de ver, “não sei nem pra quê”, pro tempo passar,
E ter chance de crescer, colocar a cabeça no lugar e, um dia,
Entre livros, colegas, passeios e risos, seu amor encontrar.
Atrevida, sonha na vida nem sabe o quê, de tanto querer.
Alguém importante, rica talvez, mimada, amada, invejada!
Nada tem, mas, "por que não sonhar? Até lá, eu quero é viver!"
"Curtir a vida que jovem eu sou, me divertir, e o resto é nada.”
Coração bobo de paixão o corpo entrega a quem vai embora,
Cadê menina, a tua alegria, que fez da vida o que aconteceu?
Teu sonho inda existe? Tens no ventre uma criança agora!
Mas no olhar a tristeza grita: acorda, criança, você cresceu!
Ela podia na escola da vila aprender geografia, inglês, redação...
E a escola da vida, sem pena na mão,
Não lhe daria tão dura lição!
Lídia Sirena Vandresen (01.10.07)
*
*
*
*