O enterro da Ilusão.
Hoje fui ao enterro da Ilusão.
Tinha muita gente lá.
Mal eu consegui chegar perto do caixão.
Uns choravam, outros contavam piada.
O Amor era o mais derrotado,
parecia que lhe tinham pisotiado,
cuspido, escarrado, jogado para os porcos.
Pediu que o levassem dali,
nunca mais o veriam naquele lugar.
A Confiança estava que dava dó,
reduzida a pó, tão pálida e calada,
num canto amuada, destruída, aniquilada.
A Alegria nem comparecera,
Mandou no seu lugar a revolta,
que não querendo ir sozinha,
foi abraçada com a Mágoa.
O Desprezo estava imponente,
servia cafezinho, docinhos,
certo de que ele era o único
que realmente estava onde deveria estar.
A Mentira e a Prepotência,
A Enganação e a Covardia,
O Exibicionismo e a Falcidade
contavam piadas e riam disfarçadamente.
A Tristeza e a Dor, a cada minuto mais fortes,
ao lado da Decepção que se agigantava
marcando presença, apertando o peito,
matando o sorriso, envenenando a alma.
Mas o pior mesmo foi ver o Beija-flor.
Este jazia morto do lado do caixão,
foi demais para ele descobrir que tão pouco valia
e que vivera tanto tempo de ilusão.
E junto com aquele Beija-flor,
eu soube que morria um pedaço de mim,
e junto com a Ilusão, enterraria
uma parte do meu coração.
Lídia Sirena Vandresen
16.06.2011
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Um beijo enorme no coração de todos os que me amam
e outro naqueles que querem aprender a me amar
e um maior ainda naqueles que pensam me odiar.
Porque todos esses de alguma forma se importam comigo!
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Texto em inglês
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