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Só pelo fato de estarmos vivos ja era uma certeza da morte e que não devíamos ve-la como um adversário a ser encarado, ela vem quando vem.


Nota de falecimento



Eu sempre tive desde a longínqua infância uma inclinação pra colocar apelido nas pessoas, nunca no pejorativo ou por algum defeito de fábrica, normalmente era um apelido carinhoso com um nome que eu achasse que o eleito parecia.
No inicio dos anos oitenta quando eu cursava o primeiro ano de contabilidade surgiu em minha vida uma figura inesquecível de uma cidade vizinha de Jaú chamada Barra bonita, ele vinha estudar aqui.
Seu nome: Benicio Gutierrez Assunção.
Filho único, herdeiro de uma imensa fortuna, sua família era proprietária de um estaleiro, fabricava navios pra navegação fluvial e também lanchas e Jet ski.
Ele era alto atlético e sempre motorizado do melhor carro, adjetivos suficientes pra atrair as garotas
mais lindas e como me tornei seu melhor amigo sempre podia sobrar alguma pra mim pois não daria conta de tantas.
Logo que eu o vi observei seu nariz afunilado e me veio no instante o apelido de “Bigorna”.
Amados, foi uma coisa incrível esse apelido colou tanto que ninguém conhecia o Benicio, durante os três anos que estudamos juntos, era só Bigorna e pronto, ele adotou esse cognome que nem mesmo seus pais e parentes o chamavam de forma diferente.
Ele era um péssimo aluno, mas não havia quem não o amasse, eu ria muito quando ele aprontava e o inspetor ia até a sala de aula e dizia: “Sr Bigorna o Sr Adônis o aguarda na diretoria” e ele dizia euuuuu?
Dizia que eu era seu guru só para colar de mim, confesso que muitas vezes eu encolhi os ombros pra ele ver a questão, seria inadmissível ficar sem o Bigorna no segundo e terceiro ano.
Ele era muito engraçado certa vez o professor perguntou: “Sr Bigorna o que você acha da lei ou teoria de Murphy” ele não sabia nem o que era teoria quanto mais a do tal Murphy então criou, pensou e olhando pra mim falou sem pestanejar: e aí Jô o que é que nós achamos da teoria do amigo Murphy.
Em uma aula de química a professora começou a perguntar os símbolos dos elementos, Bigorna se encolheu na cadeira pra não ser chamado mas o alvo dessa vez era eu, ela perguntou qual era o símbolo do tungstênio eu não me lembrava ou não sabia e respondi: “não sei dona Mirtes” ela se virou pra ele e repetiu a pergunta você sabe Sr Bigorna?
Sem pensar ele falou: “dois a zero pra nós Jô” era impossível não rir com ele nem os professores conseguiam ficar bravos com o Sr Bigorna.
Não esquentava com nada tudo estava bom e era bonito, me lembro que num velório que fomos ele disse que a morte não era pra chorar e sim pra comemorar, pois todos estamos na fila e uma hora será nossa vez.
Só pelo fato de estarmos vivos ja era uma certeza da morte e que não deviamos ve-la como um adversario a ser encarado, ela vem quando vem.
O tempo passou, separou os amigos e dividiu os sonhos, hoje vinte e cinco anos depois no escritório da firma abri um jornal, pois procurava uma firma de limpeza em Barra Bonita pra cuidar da faxina de final de ano na empresa em que trabalho e sem querer eu vi uma nota de falecimento e entre parênteses um nome muito familiar (Bigorna).
Temeroso ergui os olhos pro nome e li emocionado:
“vitima de um infarto fulminante morreu hoje dia oito de dezembro aos quarenta e sete anos o empresário Benicio Gutiérrez Assunção mais conhecido como Bigorna.
Fiquei calado por alguns segundos, se eu fosse ele com certeza riria, mas fiquei em silencio solene em homenagem a memória do amigo Bigorna.
É cara, se a morte é uma fila você estava alguns lugares a minha frente, não foi possível te ver pois a data já havia vencido, mas orei por você e relembrei nesse texto a historia tão linda que viví ao teu lado, amigo que hoje já mora do outro lado
Ate sempre, uma boa viagem ao encontro do seu destino



(12/12/09)






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*JOSUÉ... UM AMIGO DE PLANTÃO*
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Texto em Inglês








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