****
****
****
A VISITA DE ÂNGELA
Escrevia algo qualquer
Numa noite comum e quente,
Quando de repente,
Uma enorme borboleta,
Amarela e preta,
Meio desnorteada,
Entrou bêbada
Pela janela entreaberta.
Percorreu a sala
E pousou no vaso e flores
No canto o cômodo.
As mesmas flores
Que comprei pra levar
A um túmulo,
Mas, tão linda as achei
Que decidi que em vez de
Enfeitar um morto
Que enfeitasse minha vida.
E ela ficou lá,
Minutos, até horas,
Não sei se observando
Ou descansando da fatídica
Jornada que fizera até chegar
A minha sala.
Tinha algo de sinistro,
Um cheiro de mistério,
Uma tendência de morte.
Nunca vi borboleta a noite
Que imigrante seria ela?
Portadora de alguma notícia?
Se fosse, seria tragédia.
Fui até o vaso
Apanhei-a com as mãos,
Não apresentou qualquer reação,
Soltei-a pela janela,
Noite afora,
Aquela visitante noturna.
Passou pouco tempo
E de novo sala adentro
Retornava a borboleta,
Muito estranha.
Circulou e pousou no lírio
No mesmo que estava,
Deixei a sua vontade.
Fui dormir,
Ela ficou.
O sono não vinha
Pensando na majestosa macabra.
Finalmente adormeci
E sonhei,
Com aquele mesmo jardim
Que por muito passeei.
Com o lago que foi tão claro
E que nunca mais retornei.
Com a flor entre meus dedos
Admirando lágrimas do orvalho.
Do vento soprando forte
Oscilando os lírios branquinhos.
O jardim colorido de vida
Que só me traz lembranças
De morte.
E ela estava lá.
Borboleta negra
Pousou na minha cabeça.
Assustado acordei
Que pesadelo horrível.
Meu Deus, que esta havendo?
É madrugada la fora,
As luzes da manhã
Ainda não chegaram.
Caminhei para a sala
E sobre o vaso de lírios
Estava a borboleta.
Morta, rígida,
Dentro do copo da flor.
E só essa havia murchado
As outras continuavam lindas.
Perguntei-me:
Que esta havendo?
Abri a janela,
A janela que ela havia entrado,
Chovia muito lá fora,
Chuva e vento,
Água e dor.
Peguei o resto dos lírios,
Fiz uma bonita coroa
E sai no meio da chuva,
No começo da manhã.
Fui até o cemitério
O povo ainda não tinha chegado
Parecia que só eu estava acordado.
Pulei o muro do campo santo
E num túmulo perdido,
Lá no meio da chuva,
Depositei o meu buquê de lírios.
Olhei para o seu nome,
Na lápide escorrida por lágrimas
Da chuva.
Meu corpo tremia
Mas não era de frio.
Fiquei em frente ao seu túmulo
Como que esperando
Você falar comigo.
Trovejava e relampeava no céu ,
Seco estalido de eletricidade,
Você ficou em silêncio,
Já estava satisfeita
Por eu estar do seu lado.
Pôxa ! Você sabe o quanto
Me doi vir aqui,
Ainda mais nesse dia,
É muito triste pra mim.
Tudo é triste, até a chuva
Que sempre cai nesse dia.
Você sabia que eu não viria
Não é mesmo?
Por isso foi até em casa
Ontem a noite,
Não é mesmo?
Ah Ângela, meu anjo!
Apareça sempre que quiser,
Mas por favor,
Nunca mais venha
Na forma de uma
Borboleta negra!
02/11/1985
Josué Basílio Oliveira
***
****
*****************************
JOSUÉ... UM AMIGO DE PLANTÃO
*****************************
Os direitos autorais são protegidos
Pela lei nº 9.610/98,
Violá-los é crime estabelecido pelo
Artigo 184 do Código Penal Brasileiro
*link>