CACHOEIRA
Cachoeira que tão linda se mostra
Despencando da encosta
Feito um acrobata demente
Com seu grito de guerreira
Na manhã alvissareira
Que a beija docemente.
Nasceu calma em forma de fonte
Desvirginando o monte
E ainda criança se fez rio
Navegando a seguir seu destino
Sentindo o seu rosto de menino
Encrespado pelo vento frio.
E no momento de maior entusiasmo
Feito da natureza um orgasmo
Seu torpor torna-se violento, bravio
Você nada mais é na verdade
Vestida nessa ferocidade
Que o Grito incontido do rio.
Cachoeira amiga, tão iguais as nossas águas
Também tenho um rio de mágoas
A correr dentro de mim.
E ao extremo de triste e aflito
O meu leito brada alto seu grito
E a cachoeira torna-se um pedaço de mim.
Josué Basílio Oliveira