Matinê da saudade
Ainda criança no arrebol da sua vida
Aquela tarde de fevereiro e domingo
O tapa-olho fazia sua vista escondida
E vestido de pirata desfilou sorrindo.
“O abre alas que eu quero passar”
Era o som festivo daquela matinê
Confetes lançados e esmo no ar
Toda a vida numa tarde pra se viver.
Seu olhar criança beijou o olhar
Da menina mais linda do mundo,
Enlaçando sua cintura a tirou pra dançar
Lindos e encantados dentro daquele segundo.
Cantavam décor marchinhas que não conheciam
Molhados de alegria o suor tatuado na testa
Eram felizes e nem ao menos sabiam
Que existe sempre um fim em toda festa.
A tarde voou brincando de Jardineira e Aurora,
As flores sendo colhidas daquele jardim
O salão se entristecendo como quem chora
E pinta na tela da noite a palavra fim.
Olhou ao redor e se viu sem seu amor
A menina linda será que existiu?
Ou foi o seu sonho que lhe deu essa cor
Que a saudade e tristeza de cinza tingiu.
Josué Basílio Oliveira