LONAS AZUIS
Meu nariz vermelho destaca meu rosto
Nos tantos agostos que a vida me viu.
Falei de vida, de amor, sorri e fiz graça
Passei por desgraça, em pedras pisei.
Decepcionei-me com olhos coloridos
Que deixou ferido o coração do palhaço.
Fui chamado de crápula e o olhar baixei
Esbofeteado calei e ainda pedi perdão
A Deus e a anjos que um dia me cuidaram
E me decepcionaram muitas vezes também.
Minha vida foi mistérios, se vestiu de surpresa
Vi até beleza nas cores da rosa negra.
Chorei por emoção e por amor
E o desamor brincou comigo
De apagar imagens queridas
Mostrando feridas, que eu não sentia
Pois só via a marca da cicatriz.
Fiz da minha vida um abstrato
Arranquei retratos da parede.
Troquei flores do vaso do coração
Na ilusão que essas não murchariam.
Se sou feliz ou infeliz eu não sei
Já pensei que era, mas aprendi
Que vida são meias verdades
A sinceridade é mascarada.
Sou palhaço no palco e na vida
Cenas perdidas, de cara pintada.
De alma marcada, num teatro
Sou um retrato que sempre sorri
E que bradando ao povo diz:
Respeitável público vamos fingir
Vamos brincar de ser feliz.
Josué Basílio Oliveira