NÃO TENHO MEDO
Um desânimo enorme tomando conta de mim
Como um precipício aberto em minha frente
E no fundo leões famintos prevendo meu fim
Urrando hálito fétido ao arreganhar seus dentes.
Eu penso e não lhes dou direito de me tocarem
Eu estou imune aos seus olhares assassinos
E sem deixar as perfídias me contaminarem.
Sigo feliz cantando em paz louvores e hinos.
Josué
Ele, no alto dos seus doze anos, todo orgulho subiu naquele avião. Uma maquina gigantesca, um pássaro de aço indomável. Se assentou na primeira poltrona, pegou um livro de capa preta e começou a ler. Muitos estranharam o fato de um garoto estar sozinho naquele vôo. Desprotegido sem alguém que lhe valesse naquela viagem. Aquilo chamou atenção de todos, muitos queria falar-lhe, perguntar-lhe algo mas não se atreveram e a viagem seguiu. Mas os passageiros estavam incomodados como o garoto. De súbito no céu as nuvens se toldaram, soprou com fúria o vento e uma terrível tempestade desabou sobre o avião. Entrou em turbulência, solavancos estremeciam a aeronave. Os relâmpagos pareciam entrar porta adentro e os trovões soavam como assustadores terremotos. pânico total, gritaria, desespero, agonia, preces. Orações e promessas de uma vida reta se o céu não fossem seus túmulos. Mas o terror só aumentava e as esperanças se esvaiam. Quando alguém notou algo de fato incrível e alertou os demais passageiros. O garoto, aquele da primeira poltrona estava impassível e lia sem mudar seu ar de paz aquele livro de capa preta como no início da viagem, tranqüilo e sereno, apesar de toda agitação frenética ao seu redor. Por instantes todos pararam para olhar o garoto que não mudava seu jeito de agir. Passado o transe e toda aquela turbulência um alivio geral tomou conta de todos aqueles passageiros. Abraçavam-se e em alto tom agradeciam aos céus e a todos os santos invocados naqueles fatídicos momentos. Mas, não resistindo a curiosidade, em legião se dirigiram ao garoto e fizeram a pergunta que já não podia calar. Quem é você. Como você pode ficar tão impassível com todo esse terror e a morte feito um inferno querendo desabar sobre nossas cabeças, inclusive a sua? O garoto levantou seus olhos brilhantes e suavemente respondeu: Fiquem em paz meus amados eu sabia que nada ia nos acontecer
O MEU PAI É O PILOTO.
E voltou tranquilamente a ler seu livro de capa preta.
Beijo santo do seu poeta
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JOSUÉ... UM AMIGO DE PLANTÃO
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