UMA GAIOLA SEM PORTAS
Não sei por que hoje eu me lembrei
De um personagem da minha infância
Da minha adolescência, da minha vida.
Eu não consigo me ver menino, homem,
A casa onde nasci sem lembrar do Bimbo,
Um pássaro preto, de uma raça tão comum
Que sua definição era sua cor.
Vivia numa gaiola sem portas,
Comia na nossa mão,
Circulava pela casa
E dormia, muitas vezes,
Sobre a cabeça do pacato plutão,
Um enorme pastor alemão
Que dividia água e o nosso carinho
Com o inquieto passarinho.
Sabia estar seguro aconchegado no irmão
E longe da qualquer ser mal intencionado
Com cara de gato e intenções felinas.
Nunca tivemos despertador em casa,
As cinco horas, religiosamente,
Fazia o maior estardalhaço,
Um alarido estrondoso
Como se nos chamasse pelo nome:
Davi, acorda aí!
Rute, me escute!
Benedito não ta escutando o meu grito?
Isadora, ta na hora!
Josué já tomou café?
E todos levantavam, uns para a escola,
Outros pro trabalho.
O cheiro do café ainda no ar
O sol longe de nascer.
A casa toda agitada
Pelo toque do alvorecer
Dado pelo Bimbo.
Foram anos, quase duas décadas.
Velho Bimbo de pés já cascudos,
Dono da nossa hora,
Um despertador de asas negras
Inquilino de uma gaiola sem portas.
Realmente eu não consigo imaginar
Aquela casa sem o Bimbo.
A conclusão dessa história
É fácil de prever.
Uma manhã quem nos acordou foi o sol.
Todos, todos perderam a hora.
O velho Bimbo todo encolhidinho
No fundo da gaiola
Voou pro céu dos passarinhos.
Foi um dia de luto e de muita tristeza.
Não sei por que hoje eu me lembrei
Do Bimbo
O pássaro preto da minha vida.
Josué Basílio Oliveira
26/04/08
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JOSUÉ... UM AMIGO DE PLANTÃO
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Os direitos autorais são protegidos
Pela lei nº 9.610/98,
Violá-los é crime estabelecido pelo
Artigo 184 do Código Penal Brasileiro
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