A Noite
A nebulosidade ameaçadora
Tolda o éter, mancha a gleba,
agride os rios
E urde amplas teias
de carvões sombrios
No ar que álacre e radiante,
há instantes, fora.
A água transubstancia-se.
A onda estoura
Na negridão do oceano
e entre os navios
Troa bárbara zoada de ais bravios,
Extraordinariamente atordoadora.
A custódia do anímico registro
A planetária escuridão se anexa...
Somente, iguais a espiões
que acordam cedo,
Ficam brilhando com
fulgor sinistro
Dentro da treva omnímoda e complexa
Os olhos fundos dos
que estão com medo!
© Augusto dos Anjos
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