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Rosa
As Rosas
Rosas que desabrochais,


Como os primeiros amores,


Aos suaves resplendores


          Matinais;





Em vão ostentais, em vão,


A vossa graça suprema;


De pouco vale; é o diadema


          Da ilusão.





Em vão encheis de aroma o ar da tarde;


Em vão abris o seio úmido e fresco


Do sol nascente aos beijos amorosos;


Em vão ornais a fronte à meiga virgem;


Em vão, como penhor de puro afeto,


          Como um elo das almas,


Passais do seio amante ao seio amante;


          Lá bate a hora infausta


Em que é força morrer; as folhas lindas


Perdem o viço da manhã primeira,


          As graças e o perfume.


Rosas que sois então? – Restos perdidos,


Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha


Brisa do inverno ou mão indiferente.





          Tal é o vosso destino,


          Ó filhas da natureza;


          Em que vos pese à beleza,


                   Pereceis;


          Mas, não... Se a mão de um poeta


          Vos cultiva agora, ó rosas,


          Mais vivas, mais jubilosas,


                   Floresceis.





Machado de Assis, in "Crisálidas"


Comentários
/quote em 04/07/2013 às 21:01 disse:
gostei daqui ;*

Fotos com mais de 20 dias nao podem ser comentadas.
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