Delírio de amor…
Quem és tu…. Que me acompanhas
nesta Veneza de águas tangendo ais.
Quem és tu.... Mulher misteriosa
que na gôndola teu corpo ondeias,
serpenteando desejos em meus olhos.
Qual máscara, qual mistério te habita,
se teu coração desordenado bate,
de cada vez, que na água se precipita,
a vara timoneira da paixão.
Quem és.... Neblina de águas sibilinas,
nos canais à tona transportada,
com aromas de espadas ancestrais,
que pelos teus cabelos, se travaram
de razões, em labaredas passionais.
Quem és tu.... Que nos frescos retratada,
em palácios de mercadores anunciada,
no intimo de cada nota escutada,
de comensais amores, em oiro proclamada.
Quem és.... Num quarto de cambraia desposada
depurada de todas as mesuras, de salão,
estás agora, nua, de castiçal na mão,
à espera de despudorada noite de paixão.
Quem és.... Que me levas assim em tua gôndola
por canais de prata alucinada
deixando em cada esquina de luz coada
o fantasma de meu ser, assim tomado.
Morro em teus braços a sorrir,
afinal, depois da mascara retirada,
não és mais que a mulher lunar,
por mim sonhada e amada no delírio.