Eva não teve sogra, e nem por isso sua vida foi um paraíso. Muitas mães não têm noras, mas sofrem por verem os filhos sozinhos. Será que o relacionamento entre nora e sogra precisa ser ruim?
Existem alguns enfrentamentos que resultam em confusão na certa, Petistas vs. Malufistas, Torcida vs. Juiz e Gato vs. Rato. No mesmo espírito desarmônico encontramos o relacionamento de Nora vs. Sogra, ou vice-versa, pra ninguém achar ruim. Taí uma relação conturbada, cheia de “diz-que-diz”, mágoas, bate-boca e outros desafetos, por hora denominados picuinhas, pendengas ou pandemônio.
“Ela acha que o meu marido é um bebê”, reclama a nora, irritada com os mimos que a sogra destina ao filho, que no caso, já tem 30. “Ela não gosta de mim, tem ciúmes”, rebate a sogra, inconformada com as críticas e cansada das piadas de botequim.
As razões do conflito
É interessante notar como os motivos de conflitos se repetem. Geralmente, noras e sogras brigam para conquistar espaço na nova estrutura familiar, e não é raro uma querer mostrar mais “serviço” que a outra. Os “temas pivô” de bate-boca geralmente são: criação de filhos, capacidades culinárias, potencial de fazer a família feliz, organização do lar, e por aí vai.
A nora não suporta a forma como a sogra “se intromete” na relação do casal. “Minha sogra esperava que eu seguisse seus passos e assumisse o papel de ‘paparicadora’ do Jim”, revela uma nora, no livro de Éden e Aviva. “Ela costumava colocar o pijama dele na secadora, fazia isso todas as noites, para que estivesse quentinho quando ele o vestisse na hora de dormir... preciso dizer mais?”.
“Acredito ter um tom de voz carinhoso e amigável, mas quando estou conversando com ela (sogra), minha voz fica fria e totalmente desprovida de sentimentos. Houve muitos eventos que me deixaram chateada no curso do meu casamento levando as coisas para este pé”.
As batalhas travadas entre noras e sogras começam logo cedo, ainda no namoro, depois durante os preparativos para o casamento. Relatos de noras inconformadas afirmam que as sogras querem mandar na festa de casamento, palpitando nos enfeites, convites, padrinhos e tudo mais. Casamento este que está só começando, é bom lembrar.
As noras também erram
Piadas de sogra não faltam, mas de nora, é difícil encontrar. Muitas vezes, a sogra até que é legal, mas não consegue estabelecer uma comunicação eficiente com a nora. Ela parece ser intrometida, mas no fundo, só quer mesmo é ser útil, ajudar nos afazeres, ou quem sabe, encontrar sentido para sua vida.
Para a psicóloga Sonia Blota, a nora pisa na bola quando encara a sogra como rival, daí a relação se transforma em competição. “Ao invés disso, deveriam buscar o entendimento”, recomenda. “Também não é bom quando vêem tudo o que a sogra faz como negativo, muitas vezes ela só quer cooperar”.
“As sogras têm mais de experiência de vida e querem aconselhar, mas as noras não aceitam, nem chegam a ouvir”, revela uma sogra paulistana, que não quis ser identificada. “Faço o que posso para agradar, o que muitas vezes é interpretado como intromissão. Me dou bem com elas, mas cada uma para o seu lado.”
Os ressentimentos vão se amontoando
Para Sônia, em relacionamento de sogra e nora é preciso sempre ter esperanças, mas baixar bastante as expectativas, para não se frustrar em caso de turbulências.
“Acredito que a base do entendimento não está na simpatia, e sim na empatia, ou seja, na capacidade de se colocar no lugar da outra para perceber as questões envolvidas, e porque cada uma age de determinada forma.”
Para Sônia Blota, o principal tema que rodeia todos os conflitos, é a questão da tolerância. “É preciso cultivar a tolerância, pois a sogra pode ser sim uma segunda mãe, diferente da original, mas não menos gostosa de conviver”.