Te inventaria um poema na hora, escreveria na tua pele. E também ouviria tuas histórias, rindo de tudo porque tudo eu acharia lindo. É tudo incrível ao redor dessas covinhas! Uma lágrima em ti teria aura de riso... E seria bonito. Não a lágrima em si. Mas essa fragilidade de mesmo na dor, não poder deixar de sorrir. E eu riria junto com você na tua dor, te fazendo secar as lágrimas e voltar a ser só risada. E riria junto nas alegrias e das coisas engraçadas. Você faria tudo parecer uma piada. A dor escondida entre os dedos dos pés. A marca afundada na palma da mão. Os buracos cavados no peito. E todos os medos. Unir nossos sorrisos, nossa arma secreta. Mas... eu ainda tenho o meu próprio medo. E eu ainda não cavei os seus segredos.
Ainda sou só olhos. E você, só covinhas...
E mais algum tempo depois...
Reparei que você tem covinhas... Um pouco mais acentuadas, porque estão sempre lá, marcadas, mesmo quando não há riso. Tenho a impressão de que você está sempre sorrindo. Imagino que é pra mim. Ou finjo. Tenho vontade de cavar as suas covinhas com as pontas dos dedos. Suavemente. E ir descobrindo pouco a pouco de que você é feita. Quero conhecer o que não é sorriso em você. Alguma coisa que ninguém vê. Um buraco, não no rosto, mas no peito. Uma marca profunda na palma da mão. Uma sombra nos olhos. Quero te conhecer por inteiro, com as pontas dos dedos. Desvendar todos os seus segredos, os seus medos, seus anseios.
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