Estamos vivendo uma inversão de valores nos afetos. Ser afetivo é visto como ser “Emocionado�, e se preocupar virou “Alerta para uma possível paixão�. Com o tempo, parece que estamos nos distanciando dos afetos e nos aproximando cada vez mais da frieza e indiferença. É como se o mais pedido do momento fosse amar, mas sem os requisitos básicos do amor.
Se demonstrar demais, assusta; Se demonstrar de menos, afasta. Se verbalizar o que sente, é desespero; Se não falar, é indiferença. Quase como um oito ou oitenta.
Nos culpamos por sermos afetivos, mesmo sabendo que a nossa maior grandeza está em sentir. Fazemos da nossa qualidade um defeito, sem perceber que o que conseguimos oferecer ao outro é uma pequena parcela da nossa grandeza.
Gente grande sente, não tem como ser diferente. Se é da sua natureza ser afetiva, não dá para fazer o caminho inverso, mudar de rota, atravessar uma ponte ou ser menos do que você é. Reconhecer sua grandeza é entender que o que você tem de mais bonito é a sua capacidade de enxergar o outro e se enxergar nesse movimento. E, se ainda não te falaram, não tem como correr da sua natureza.
O que precisa ser feito é entender seus limites e até onde sua disponibilidade, afeto, carinho e cuidado podem ir, principalmente para não acabar se invalidando no processo.
Entender sua grandeza é enxergar que não dá para se doar para todo mundo, o tempo todo. Nem todas as pessoas estão prontas para receber seu afeto. Sempre que pensamos em ser “Imenso�, precisamos entender para quem estamos sendo, para evitar danos.
Seu coração é o que você tem de melhor, mas não é para qualquer pessoa desfrutar dessa disponibilidade.
Não transforme seu cuidado, carinho, atenção, disponibilidade e amor em um defeito. São tempos difíceis para quem não está acostumado a ser visto com carinho. Mas isso não é sobre você, sobre o seu sentimento, mas sobre o outro e o tanto que estão disponíveis ou não. Seu dever é ser íntegro com o que é sentir, sem se esconder ou caber na miudeza deles. Já diria Liniker: “Se eu for imensa para você, sinto muito�.

— Matheus Vieira