Pra ficar alguma coisa com você.
Quando passar o ímpeto, será que você fica? Será que ainda vai querer escutar o meu coração batendo como se não houvesse problema nenhum da porta para fora? Posso perder uma noite inteira me perguntando coisas como essa. Porque dizem que estar junto, querer estar junto é bem mais do que esse nosso sopro inicial. Que o resto é bem mais duro e a vida em si é mais dura ainda aos que insistem nisso. Tenho medo de racionalizar demais e te deixar passar ou de romantizar demais e te assustar. Medo de que os extremos e o "demais" te levem embora por culpa da minha falta de jeito. Eu só sei abraçar, é o bastante para você? Eu sei escutar, cuidar.. Aliás, acho que nasci para cuidar. Posso cuidar de você? A gente finge que nem é nada, é costume mesmo, rotina. Eu finjo que é puro hábito e você finge que aceita porque não sabe dizer "não". E então, vamos enganar a vida? Não quero falar mais do que devo e, mesmo assim, me esforço para acreditar em tudo o que você fala, porque soa tão real. Quem foi que te deixou escapar? Vou agradecer. Isso, vou de joelhos, sorrindo, correndo.. Digo que não tem problema, agora posso aquecer todos os seus cantos cheios de traumas como se eu não fosse assim também. Posso ser um pouquinho mais do que sou para te convencer a ficar, ainda que ficar deva ser tão ao natural. Se eu não falar bom-dia-dormiu-bem, é falta de jeito, não de querer. Se eu deixar você ficar em casa ao invés de estar comigo numa tarde qualquer, é falta de jeito, não de querer. Se eu disser que tudo bem, a vida é sua, eu não tenho nada a ver, é falta de jeito de novo, não de querer. Porque, olha, lê bem: Querer é só metade do tudo que realmente quero. O meu medo é enxergar medo nos teus olhos e te ver fugindo por achar tudo exagerado. É que eu nasci em meio aos exageros, não tente entender, facilito tudo à minha volta justamente para não espantar os outros. E o turbilhão é meu, só meu, vivido num mundo particular que não se encontra a chave. Se você entrar, aposto que corre para longe. Você tem segredos? É claro que sim. Você tem o seu mundo? Felizmente tem! Você também não sabe de nada? Óbvio! Eu tento apenas cavar um buraco para também ser o teu segredo, uma pontinha do teu mundo e uma exclamação entre as tuas interrogações. E só assim te direi tudo o que você também é por aqui. Palavras trocadas, porque não imagina o quanto cansei de sacos furados. Eu vou ir lá, mas vou te deixar com esse texto. Pensa, ou não pensa muito. Sei lá, entre ir em frente ou parar agora, a gente sabe o que faz. (Estou levando o teu perfume que é pra saber que tem você quando eu voltar e, por isso, só por isso, voltar logo.)