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era uma festa entre as sereias.
Certa vez aconteceu um fato hilariante. Na primeira vez que ele fora buscar carvão mineral na mina, munido de uma marreta e um malote de lona, ele desceu à mina, quebrou centenas de pedras de carvão vegetal, para alimentar a caldeira e subiu de novo para a construção, mas totalmente preto pelo pó do carvão. Quando chegou a beira do lago e as sereias o viram, levaram um baita susto e pularam todas na água assustadas, mergulhando no lago todas muito apavoradas. Depois colocavam somente os olhinhos de fora e assustadas mergulhavam de novo com as pequenas sereias chorando como os bebês que eram. Até Chrystal se assustou e mergulhou no lago, mas depois de um tempo, vendo que ele apenas ria na margem, ela percebeu que era seu marido e foi a primeira a sair da água e encorajou todas as outras sereias e filhotes a saírem também, juntas elas jogaram água nele, dando um banho e depois de remover a sujeira do carvão chamaram as pequenas sereinhas que se aproximaram ainda muito desconfiadas.
As manhãs eram de muito nevoeiro nesta época do ano, mas Chrystal gostava de acordar cedo e dar seus mergulhos matinais, mesmo com a água fria ela gostava de nadar um pouco no lago. As demais agora ficavam mais no porão com águas quentes.

Chrystal adorava ficar deitada na pedra que tinha no centro do lago, como uma linda sereia mesmo.
Certa vez fora explorar sozinho, logicamente, pois Chrystal não agüentaria uma incursão demorada na mata, por ser muito quente, quando descobriu que existiam muitos insetos, aves pequenas, mas nenhum mamífero ou animal vertebrado de porte maior. Descobriu que existiam abelhas e seu delicioso mel. Embora Chrystal nunca se mostrara muito apreciadora de doces, do mel ela adorou. Ficava linda mastigando os favos de mel que ele trouxera para ela. Ficava toda lambuzada. As sereinhas também gostaram muito. Um dia em uma incursão na mata ele achou uma linda roseira, e as rosas eram cor de chá. Ele trouxe uma para a sua sereia e uma mudinha que plantou na frente de seu lar. Resolveu que com os pés de algodão que circulava a construção faria um colchão para ele e para sua Sereia. Acabara a história de dormir no chão. Tinha agora uma cama confortável. As sereinhas adoravam vir almoçar, camarões, lagostas e peixes assado que ele fazia para todas. Descobriu também que na mata havia frutas como goiaba, manga, amora, banana, acerola, pitanga, muitas frutas mesmo. As sereias adultas e principalmente as crianças adoraram a novidade.
Certa vez, apareceu no lago o transporte que o trouxera, para trazer sereias grávidas e levar algumas que acredito estava aptas a procriarem. Acredito que era uma terra apenas para procriação, pois só tinham mães cuidando de filhas e filhas se desenvolvendo, nunca ele vira uma mãe sem as filhas no local. A Cristina estava se desenvolvendo um pouquinho mais que as irmãs, talvez por viver mais tempo agarrada ao pai, ela praticava mais respirar fora da água, então estava mais forte e tolerava mais a respiração de ar. Acho também que o fato de passar o inverno em águas mais quentes ajudou muito no desenvolvimento delas. Alguns anos depois e Cristina foi a primeira de suas filhas a fazer a metamorfose, é como a criança dar seus primeiros passos. Foi lindo a Cristina de perninhas e começando a andar.
Sempre que chovia, eles iam todos brincar na praia que tinha a beira do lago, na chuva elas toleravam mais ficar fora d’água, acho que o problema delas era mais o calor que o ar rarefeito. Brincavam de pique, sereias não são muito velozes em terra, então juntavam todas para persegui-lo, quando o pegavam, o jogavam no chão e caiam todas por cima dele. Era uma verdadeira festa. Jogavam futebol com uma bola improvisada, como as sereias não são tão boas com as pernas, não poderiam jogar somente futebol, eles usavam pedaços de paus como tacos e jogavam uma mistura de futebol com hóquei. Ele levava muita paulada nas canelas das sereias. Mas Chrystal vinha sempre socorrer ele com milhões de beijinhos para tirar a dor. Ela ainda tinha um estoque muito grande de maquiagem que trouxera da Estação Polar e se produzia diariamente para o seu marido, Chrystal era a sereia mais linda e vaidosa que existira. Ele começou a observar que seu metabolismo estava mudando também. Estava cicatrizando seus cortes e feridas quase tão rápido como as sereias. Observou que não estava mais envelhecendo, que ele estava assimilando o poder de cura e a longevidade de vida que era exclusivo das Sereias. A parte metamórfica, para ele não se manifestou. Ele então deduziu que uma nova perspectiva de vida para si estava acontecendo. Que viveria muitos anos mais com sua sereia e com suas filhas. Que veria suas lindas filhas crescerem, tornarem-se adultas e lhe dar os seus tão sonhados netos. Teria também uma vida longo do lado da Sereia amada. Pensou em quantas inovações mais poria fazer para melhorar a sua vida e das Sereias, principalmente de sua Sereia. Ele calculou viver mais uns quatrocentos anos com a sua sereia. Não teria como dialogar com sua Sereia pois a incompatibilidade dos idiomas era uma barreira insuperável. Ele até tentou ensinar o idioma humano para suas filhas e esposa, mais a anatomia das cordas vocais das Sereias não permitiam que elas produzissem os fonemas necessários para o nosso linguajar, mas isso era apenas um detalhe, o melhor é que ele teria suas sete sereias por muito, mas muito tempo mesmo e com elas ele só poderia esperar uma vida feliz, feliz para sempre...
FIM