Também está focada em sua fundação…
Sim. Agora estamos aguardando um pouco para a apresentação da minha própria fundação porque eu estava trabalhando com a Fundação Televisa, com quem seguirei cooperando sempre e os ajudando em tudo o que me peçam relacionado com a campanha contra a anorexia. Eu procurei o Cláudio X. Gonzáles (presidente da Fundação Televisa) para pedi-lo de tratar o tema dos transtornos alimentares, que no México não há nada. Casa vez que visito algum outro país, faço diferentes coisas com os fãs para arrecadar fundos e ajudar a diferentes clínicas para que possam dar tratamentos gratuitos. Acredito que com um grãozinho de areia que podemos ajudar, podemos cooperar para esse tipo de tratamento, que é muito caro e por isso há muitas mortes. Acabei de fazer um programa com o canal National Geographic, é um especial de transtornos alimentares. Eles fizeram uma pesquisa impressionante em muitos países e me convidaram como embaixadora, para dar um testemunho de vida. Depois desse programa, irei abrir minha própria fundação, da qual estou muito orgulhosa. Me levou muito tempo para ganhar a credibilidade das pessoas como uma sobrevivente. Eu sofri de anorexia durante sete anos e há oito estou recuperada, já é muito tempo. É incrível como me passou esses anos podendo ajudar os demais; não é fácil dizer “eu passei por isso e agora, te ajudo”. Hoje estou orgulhosa porque sei que salvamos muitas vidas e ainda quero salvar muito mais.
Que bom que falamos disso porque há muitas jovens que sofrem desse transtorno.
Muitas e há vários mal entendidos ao redor disso. Muita gente me diz “você está muito magra, se cuida” porque há pessoas que pensam que você se recupera e tem que engordar 40 quilos e não é assim. Eu sou uma pessoa que faço muitos exercícios, até no horário das gravações da novela tenho um horário específico para fazê-lo.
Chego mais cedo para fazer minha rotina, sou uma pessoa muito disciplinada: acordo as seis da manhã enquanto eu posso acordar as sete, para chegar e fazer meu exercício. Essas coisas são parte da disciplina que deve ter em sua vida para poder comer o que quiser e viver tranqüila sem enfrentar rolos de que a comida é a sua inimiga.
Que forte que você esteve doente durante sete anos.
Sim, muito forte. Dos 14 aos 21 anos. Foi a etapa mais difícil, mas também hoje me faz ser quem sou e ter essa paz que tenho. Quando você tem tudo fácil é difícil dar valor as coisas e a mim, aprendi a valorizá-las desde o buraco mais profundo que há.
Sabia que estava enferma ou não se dava conta?
Claro, é um problema do qual está consciente desde o princípio, mas obviamente não quer falar com ninguém sobre. Depois de todo esse tempo que estive em uma luta constante chegou um momento que me tocou fundo. Um dia meu coração e meu corpo disseram chega.
Como você chegou no profundo?
Tive um problema no coração, me parou alguns segundos e foi como voltar a começar do zero porque tive que voltar a caminhar, e falar, a comer papinha. Chegou um momento em que meu corpo não tinha vida por dentro.
Você estava muito magra?
Pesava 35 quilos. Meu corpo disse, “STOP, se você não parar, paro eu”. Neste momento eu voltei a nascer e assim começou meu rolo a seguir a diante, mas com muita gente me dando apoio. Por isso quero ajudar, porque não quero que as demais pessoas que adoeçam cheguem ao ponto que cheguei porque você pode se salvar muito antes. Acredito que é importante sendo eu uma pessoa que alguns seguem, de uma luzinha de esperança, que não me vejam como um exemplo, sim como um espelho.
Você ainda faz tratamentos?
Não, depois de cumprir um ano de tratamento os médicos me deram alta. Sou uma pessoa muito entregada a disciplina e me agrada quando eu me olho no espelho e me sinto feliz. Isso não é por estar doente, isso é por ser mulher. Alguns pensam que estou mal, mas hoje não vejo a necessidade de fazer terapias, creio que para mim o importante é salvar a vida de outras pessoas, eu já estou em paz.
Como você mudou pessoalmente?
Definitivamente você muda muito, sobre tudo muda seus sentimentos, sua essência. Você volta mais forte, no fundo trás outro chip. Da muito mais valor a um sorriso, um abraço, um detalhe.
Você participou de centenas de projetos, qual você lembra com mais amor?
Definitivamente Rebelde foi a melhor coisa na minha vida. Foi um presente que a vida deu a nós seis, que nos uniu muito, nos levou a viajar o mundo inteiro como grandes ídolos. Foi algo espetacular que dei muito valor e lembro com todo amor do mundo. Mia Colucci é uma pessoinha que sempre levarei no coração por junto a ela vivi coisas muito boas, descobri uma parte de mim que não deixava sair, essa era a Mia. Foi um projeto que me fez crescer e amadurecer muito.