Lenda da Lua
Não nasci aqui no céu
também não nasci no mar
venho de longe, da terra
onde eu aprendi a amar.
Alguns dos meus professores
foram pássaros que eu vi
cuidando dos seus amores
corruíras, bem-te-vis.
Que saíam bem cedinho
bem antes do sol nascer
procurar os alimentos
para a sua prole trazer.
Hoje não vejo mais isso
não se consegue ter tudo
aqui nem há passarinhos
e o amor aqui é mudo.
A menos que a gente chegue
bem perto do mar, nas ondas
então ouve as serenatas
do mar com suas delongas.
Mas é uma linguagem dura
de senhor, amo, patrão
não tem jogo de cintura
só prevalece a razão.
Eu o amo mesmo assim
porque sei o quanto sofre
amo-lhe os dons e os defeitos
é passional meu direito.
Mas como eu ia dizendo
bem longe daqui eu nasci
e hoje ouvindo lamentos
(que por Deus, não posso ouvir!)
Meu destino foi traçado
por um anjo desavisado
que se esqueceu do principal
de dar voz ao meu sinal.
Por isso agora, o que eu posso
é ser nova, ser crescente
encher-me de amor um dia
para minguar lentamente.
E pendurada no céu
fico ouvindo me chamarem
sem poder lhes responder
e nem é por não saber.
Fiz com meu anjo um trato
para o caso remediar
só posso descer à terra
se um amor eu encontrar.
Mas já não tenho esperanças
pois nunca hei de saber
quem me chama, quem me quer
se sou lua, ele, quem é?
Se for alguém corajoso
que não tema, não vacile
faça a hora acontecer
que me venha conhecer.
Então neste céu imenso
Ornamentado de estrelas
cairei entre seus braços,
para felizes bailar.
Mas minh'alma se entristece
pensando:... quando será???
Itanhaém, 18/06/2004_12:58
© Copyright 2004
por Terezinha A. Penhabe®
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