Honestamente...
Honestamente é difícil ser honesto com quem amamos. Não me refiro aqui à fidelidade, mas a um outro tipo de honestidade: o de falar o que vai dentro do nosso coração, daquilo que não gostamos, que desaprovamos.
Não é por que amamos alguém que o vemos perfeito. Mesmo amando temos o direito de ver a pessoa tal qual ela é.
O difícil mesmo é abrir o coração e dizer o que pensamos, mesmo se isso vai magoar o outro. A vida é como um baile de máscaras: há a hora que a música acaba, as luzes se apagam e a gente é obrigado a voltar pra casa. A realidade é outra. E o que sobra?
Sobra cara lavada, roupa simples; sobram as rugas, as imperfeições. Sobram as desilusões. Por que negar e viver como se não fosse? É nosso dever ser honestos e francos com quem amamos. Vai doer nele? Dói em mim também. Não a realidade, pois esta chega, cruel ou não. O que dói mesmo é a idéia de decepcionar o outro. Mas coisas que precisam ser ditas não devem ficar pra trás. É como se fôssemos caminhando e colocando pedrinhas no bolso. Chega fatalmente o dia em que o bolso pesa e começamos a andar mais devagar; chega o dia em que continuar torna-se penoso e dolorido.
Daí, melhor se livrar dessas pedras uma a uma, à medida em que vão chegando nas nossas vidas. E manter o mesmo passo. Não amamos menos uma pessoa porque temos a coragem de lhe dizer a verdade. A verdade é que a amamos o suficiente para saber que ela merece que a tratemos honestamente. E para que ela saiba que pode agir da mesma forma conosco.
Os casais que nunca brigam não são perfeitos. Há certamente algo errado numa relação assim. Há certamente um que domina e um que se deixa dominar. Um que sofre e dois que fingem que está tudo bem. A franqueza não existe para destruir relacionamentos, mas para harmonizá-los. É preciso saber o que um pensa do outro. E que ambos tentem se ajustar com seriedade e amor. Só assim será possível criar um relacionamento com base sólida.
[Letícia Thompson]