Teu verso é livre,
e o meu também.
Joga ao vento um suspiro
Roga ao mar teu retorno
Faz do tempo o seu teto
Feito imbira no mato
que recobre e dá sombra
ao menino valente
que cruzou montes e montanhas
procurando um tesouro escondido
Nada encontrou tão distante
e retornou com seus olhos tristes.
Num alento, porém, da sorte
cruzou o olhar com o teu
e viu quanta beleza há no mundo
por trás de tão soberbos diamantes.
Safiras ao entardecer.
E por detrás
de tantas dunas escaldantes
firmou teu olhar com o seu
e viu que o tesouro escondido que buscara
estivera a todo o tempo descoberto.
E era teu corpo esse tesouro;
E era o teu olhar e o teu semblante;
E era o teu despertar e o teu acalanto,
e era só de pensar, um arrepio.
E era só te amar, o mais largo flanco;
E era só respirar,
para saber que estava em ti
tanta alegria, dor e tormento;
tanta euforia, amor e sofrimento;
tantas cores, sabores,
cheiros perfumados de desejos.
Sempre alí, tão perto, tão perto
e demorara tanto tempo em perdições
lamentos, fúrias, canções...
Quando poderia um simples gesto
acalentar toda aquela euforia...
Num simples apertar de pernas
resplandecente de amor e gozo.
E agora? O que fazer? O que tu farias?
Roubavas um beijo? Roçavas-lhe o peito?
Mas, se agora, tão distante se assemelha
ao tesouro que tanto buscou alhures?
Pois teus olhos
que sempre os tivera próximos
agora não estavam mais.
Ah! A Felicidade!
Essa nossa eterna companheira
que só deslumbramos quando já desponta
no horizonte da Saudade!
(Lustato Tenterrara)
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