Deixa eu te explicar uma coisinha sobre o amor, meu bem.
Ele não é fácil. Não tem nada a ver com rosas, noites e vinhos.
O amor machuca, arde, corta, torce.
O amor dói.
As mãos são dadas porque todo mundo tem medo de ficar sozinho.
Amar exige aceitar o outro, os defeitos do outro, o desejo torto do outro, as escolhas erradas do outro.
O amor exige que você seja o outro. Que esqueça as suas vontades, que desista do seu singular, que você seja outra coisa, porque o amor é outra coisa.
Não é só festa, nem só beijo, e muito menos, é sexo gostoso todos os dias.
Amor é estar certo e deixar passar, é chorar escondida no banheiro baixinho, porque a discussão te machucou muito e mesmo assim você não quer magoá-lo.
Amor é subir com as compras dez andares, e descer vinte às pressas, porque alguém esqueceu a chave, de novo. Sei que você já leu histórias, viu filmes e sonhou outra coisa.
Mas amor, amor mesmo é ferida aberta, é coração acelerado e unhas na boca toda vez que ele bebe e sai com o carro.
Amor é a família dele inteira na sua casa no seu domingo de folga, que aliás, você preferia ficar na cama, quietinha.
Amor é fazer sacrifícios, desistir de coisas, conquistar outros valores.
Amor é casar não com o corpo, mas com o espírito do outro, com a vida do outro.
Amor é ligar-se.
Amor é querer-se um pouco menos, só para querer o outro um pouco mais.
Amor é aprender a cozinhar, aprender a ouvir, aprender a calar.
Amor é espera.
É abrir o tão sonhado zíper nas costas e permitir que o outro tire e coloque o que bem entender dentro de você. Amor é entender.
É mais que mensagem de texto, ligação às quatro da tarde.
Amor é dano.
Não é calmaria, nunca foi.
Amor é enlouquecer, é permitir, é aceitar.
Amor é sentir medo e pedir baixinho que a dor da saudade passe.
Amor é ficar.
É muito mais do que alguém já conseguiu escrever.
Amar é dar a mão,
e segurar também.