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Ontem, 21 de março, é Dia Internacional da Síndrome de Down. A lei determina que crianças com necessidades especiais estudem em escolas regulares, públicas ou privadas.


Se você é daque­les que, ­quando vêem ­alguém de ­cadeira de rodas ou encon­tram uma ­criança com Sín­drome de Down, pri­meiro olham e logo em ­seguida des­viam a vista sem saber o que dizer, aqui vai uma boa notí­cia: seu filho, muito pro­va­vel­mente, ­lidará bem ­melhor do que você com essa situa­ção. ­Várias gera­ções de bra­si­lei­ros foram ensi­na­das a "não olhar" e "não per­gun­tar", sob pena de tomar um belis­cão, ­quando encon­tra­vam ­alguém com uma neces­si­dade espe­cial. Mas essa rea­li­dade está ­mudando. Aos pou­cos.

"Na Anti­güi­dade, pes­soas com ­alguma defi­ciên­cia eram exe­cu­ta­das. O Cris­tia­nismo deu lugar a um tra­ta­mento mais ­humano, mas essas pes­soas pas­sa­ram a ser segre­ga­das, afas­ta­das do con­ví­vio. Já na era do conhe­ci­mento, cada pro­blema come­çou a ser estu­dado. Nessa ­esteira, sur­gi­ram as esco­las espe­ciais, vol­ta­das só para crian­ças cegas, com Sín­drome de Down, sur­das, etc.", conta a psi­co­pe­da­goga ­Daniela ­Alonso, que dá con­sul­to­ria a ­vários colé­gios pau­lis­tas.

Durante um bom tempo, os edu­ca­do­res acha­ram que o ­melhor era sepa­rar as crian­ças ditas "nor­mais" das "excep­cio­nais". O ­grande pro­blema é que essas crian­ças tam­bém pre­ci­sam viver em socie­dade e ­ganhar auto­no­mia. Um ­menino cego não vai pas­sar sua exis­tên­cia só entre cegos. Viu-se que era pre­ciso inte­grá-los. Mas ainda levou tempo até que a socie­dade per­ce­besse que esse movi­mento não é uni­la­te­ral. E aí é que está a novi­dade: esta­mos co­me­çando a ver que pre­ci­sa­mos mudar para aco­lher essas pes­soas. E que todos saem ­ganhando ­quando a inclu­são acon­tece.

Lucas ­Zapala Del­fino tinha 2 anos ­quando ­entrou na ­Recreio, uma ­escola regu­lar, que ­aceita crian­ças com neces­si­da­des espe­ciais desde a sua fun­da­ção. "Ele é o pri­meiro filho e não tinha tanto con­tato com ­outras crian­ças. Esse con­ví­vio foi muito legal. Ele apren­deu a divi­dir", conta a mãe, ­Andréa ­Zapala. Hoje com 7 anos, Lucas, que tem Sín­drome de Down, tam­bém apren­deu a ler e escre­ver, além de ter feito mui­tos ami­gos. "As ­outras crian­ças são uma refe­rên­cia e um estí­mulo para ele. Elas ficam feli­zes com suas con­quis­tas", diz ­Andréa.

No Bra­sil, todas as esco­las, públi­cas ou par­ti­cu­la­res, são obri­ga­das, por lei, a matri­cu­lar crian­ças com neces­si­da­des espe­ciais em tur­mas con­di­zen­tes com a sua idade. E ainda devem pro­mo­ver as adap­ta­ções neces­sá­rias para ­atendê-las. Sim­ples? Claro que não. A inclu­são é um pro­cesso cheio de impre­vis­tos, sem fór­mu­las pron­tas, que exige aper­fei­çoa­mento cons­tante. Para que ­ocorra de fato, será pre­ciso trans­for­mar a ­escola no que diz res­peito ao cur­rí­culo, à ava­lia­ção e, prin­ci­pal­mente, às ati­tu­des.

Quando se fala em adap­ta­ções físi­cas, tudo bem. Afi­nal de con­tas, pode-se fazer uma rampa ou até car­re­gar o cadei­rante no colo. O que ainda se dis­cute - e se ­estuda - é como ensi­nar e ava­liar de ­maneira efi­caz. "A ­grande ques­tão é: o que se ­espera des­sas crian­ças?", per­gunta ­Daniela ­Alonso. Tal­vez deva-se espe­rar mais. ­Durante mui­tos anos, os pro­gra­mas edu­ca­cio­nais para crian­ças com Sín­drome de Down não ­incluíam alfa­be­ti­za­ção. Hoje, a maior parte delas sai do colé­gio ­sabendo ler e escre­ver.



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