Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 — Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o "rei do baião". É considerado mestre do cantor Dominguinhos. Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira. Antes dos dezoito anos, ele se apaixonou por Nazarena, uma moça da região e, repelido pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, ameaçou-o de morte. Januário e Santana lhe deram uma surra por isso. Revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. Dele, recebeu importantes lições de música. Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe , um tema de sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais. Vira e mexe foi a primeira música que gravou em disco. Veio depois a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Foi lá que tomou contato com o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que usava os trajes típicos da sua região. Foi do contato com este artista que surgiu a idéia de Luiz Gonzaga apresentar-se vestido de vaqueiro - figurino que o consagrou como artista. Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira. Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça - iniciado provavelmente quando ela já estava grávida - e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista. Em 1946 voltou pela primeira vez a Exu (Pernambuco), e o reencontro com seu pai é narrado em sua composição Respeita Januário, parceria com Humberto Teixeira. Em 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até perto do fim da vida de "Lua". E com ela teve outro filho que Lua a Chamava de Rosinha. Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu vítima de parada cárdio-respiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte (à contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o mais rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e tornando Gonzaguinha "persona non grata" em Juazeiro do Norte) e posteriormente sepultado em seu município natal. Sua música mais famosa é Asa Branca.
SUCESSOS
A dança da moda, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
A feira de Caruaru, Onildo Almeida (1957)
A morte do vaqueiro, Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho (1963)
A vida do viajante, Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga (1953)
Acauã, Zé Dantas (1952)
Á-bê-cê do sertão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Asa-branca, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
Assum-preto, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Cintura fina, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Forró de Mané Vito, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Forró de Zé Antão, Zé Dantas (1962)
Forró de Zé do Baile, Severino Ramos (1964)
Forró de Zé Tatu, Jorge de Castro e Zé Ramos (1955)
Forró no escuro, Luiz Gonzaga (1957)
Fuga da África, Luiz Gonzaga (1944)
Hora do adeus, Luiz Queiroga e Onildo Almeida (1967)
Imbalança, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
Jardim da saudade, Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues (1952)
Juca, Lupicínio Rodrigues (1952)
Lascando o cano, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Légua tirana, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
Lembrança de primavera, Gonzaguinha (1964)
Liforme instravagante, Raimundo Granjeiro (1963)
Lorota boa, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
Moda da mula preta, Raul Torres (1948)
Moreninha tentação, Sylvio Moacyr de Araújo e Luiz Gonzaga (1953)
No Ceará não tem disso, não, Guio de Morais (1950)
No meu pé de serra, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
Noites brasileiras, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Numa sala de reboco, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
O maior tocador, Luiz Guimarães (1965)
O xote das meninas, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Ô véio macho, Rosil Cavalcanti (1962)
Obrigado, João Paulo, Luiz Gonzaga e Padre Gothardo (1981)
O fole roncou, Luiz Gonzaga e Nelson Valença (1973)
Óia eu aqui de novo, Antônio Barros (1967)
Olha pro céu, Luiz Gonzaga e Peterpan (1951)
Ou casa, ou morre, Elias Soares (1967)
Ovo azul, Miguel Lima e Paraguaçu (1946)
Padroeira do Brasil, Luiz Gonzaga e Raimundo Granjeiro (1955)
Pão-duro, Assis Valente e Luiz Gonzaga (1946)
Pássaro carão, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1962)
Pau-de-arara, Guio de Morais e Luiz Gonzaga (1952)
Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
Pé de serra, Luiz Gonzaga (1942)
Penerô xerém, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
Perpétua, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1946)
Piauí, Sylvio Moacyr de Araújo (1952)
Piriri, Albuquerque e João Silva (1965)
Quase maluco, Luiz Gonzaga e Victor Simon (1950)
Quer ir mais eu?, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1947)
Respeita Januário, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Riacho do Navio, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
Sabiá, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1951)
Sanfona do povo, Luiz Gonzaga e Luiz Guimarães (1964)
Vem, morena, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Vira-e-mexe, Luiz Gonzaga (1942)