Sou uma criança abandonada,
Sou o grito de um louco,
Sou o silêncio dessa noite,
Sou um pássaro rouco.
Sou o escuro desse quarto,
Sou uma chorosa canção,
Sou esse céu poluído,
Sou o não aperto de mão.
Sou a lágrima caída,
Sou a nota desafinada,
Sou muitas folhas secas,
Sou a tristeza escancarada.
Sou a cidade cinzenta,
Sou da areia, o grão;
Sou esse olhar cabisbaixo,
Eu sou a solidão.