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Mãe, a palavra mais melodiosa para os ouvidos de uma "MÃE."
Mais um dia "aparentemente" comos os outros para tantos. E a saudade aqui, doendo e arrebentando meu coração. Alguns podem dizer: "Já é tempo dela superar!" Ora...eu vi em um livro que comprei pela internet que se encaixa perfeitamente ao meu caso:"I wasn"t ready to say good-bye." (Eu não estava pronta para dizer Adeus), que a resposta ideal para isso é: "Você não sabe o que é essa dor. Você tem seu tempo, eu tenho meu tempo e o tempo de Deus." É mais que arrancar um pedaço, é te esvaziar por dentro e te obrigar a viver.
Como tem literatura interessante no exterior, sites e grupos de ajuda que são realmente atuantes! Tem grupos registrados de luto para atuar quando uma empresa não respeita um empregado "in grief." Até então eu não sabia disso, já que o comportamento do brasileiro imita o dos americanos: imediatista e consumista. Mas ao que parece lá também há uma rede de apoio maior e mais estruturada para aqueles que choram. Vi uma entrevista de uma mãe na TV(Alda Patrícia Nunes Rangel), muito triste a história dessa senhora também, e ela era uma psicóloga. Nos anos noventa, se não estou enganada, ela saiu por algumas horas de casa com o marido, e deixou o casal de filhos adolescentes sozinhos. Foram fazer alguma coisa do dia a dia, não lembro, como ir a um supermercado ou algo assim. Quando retornaram, viram a casa revirada e a primeira coisa que ela fez foi gritar pelos filhos, que encontrou assassinados no chão. O rapaz uns 16, a moça 14. Mostrou as fotos, lindos e no auge de suas vidas. O maldito ladrão roubou o que queria e não satisfeito, tirou a vida das crianças. Dilacerou para sempre o coração de uma mãe. Desesperada, ela foi em busca de ajuda. Queria ler algo para ajudá-la e descobriu que no Brasil quase não havia literatura para isso. Obstinada, esta mãe foi aprender inglês para poder ler e se não estou enganada, criou um grupo de apoio. Tem um livro dela, "Amor Infinito: Histórias de pais que perderam seus filhos." Muitas vezes tentei comprar e estava esgotado. Não desistirei.
Mães sobreviventes, eu lembro delas quando penso que vou morrer. Ontem reli pela 10º vez a entrevista da Christiane Torloni. Quando o filho dela faleceu aos 12 anos, um dos gêmeos, ela se mudou imediatamente para Portugal e ficou longe de tudo. Muita gente pode não acreditar, mas há quem seja perverso com a dor alheia. Eu que sou uma anônima no meu trabalho sofri, e vi que precisava me afastar, imagine uma pessoa famosa. Lá ela disse que vivia o luto sem ninguém perturbá-la, ao lado da mãe e do outro filho. Chorava, caminhava pelas ruas, não era apontada porque não era conhecida. Eu no meu lugar de trabalho, fiquei sendo olhada e medida todos os dias. Só me sentia melhor na minha sala com meus amigos, que respeitavam meu sofrimento, me ouviam contar as histórias da minha menina. Mas já cheguei chorando muitas vezes na sala, porque tinha ouvido que no meu lugar, não teriam aguentado, como se amassem mais os filhos deles do que eu amo minha filha! Isso doía! Eu não estava aguentando, e nem tampouco tinha aguentado. Ainda preciso pensar que a minha filha está em algum lugar. Ou enlouqueço de uma vez. Uma pessoa, quando eu disse que ia passar o primeiro natal sem minha filha após a partida dela, fez um comentário absurdo: "quando minha avó morreu, a gente fez tudo do mesmo jeito porque sabia que ela gostaria que fizéssemos." Eu e minha mãe ficamos tão perplexas que ficamos sem respostas que até hoje nos lembramos disso que está em nossas gargantas. Por isso, não deixo mais minhas respostas para trás. Eu deveria ter dito:"Sua avó viveu muito bem, muito mais que muita gente, teve filhos, netos e bisnetos, viveu muitos e muitos anos a mais que minha menina, que estava apenas começando a descobrir a vida, o mundo." Agora, se ela fosse mais solidária, lembraria que é mãe também! Será que ela faria um Natal como quando fez para a avó ? Uma pessoa com um mínimo de sensibilidade pensaria assim. Eu sempre procurei me pôr no lugar dos outros, mesmo que antes não conseguisse acessar o tamanho dessa dor.
E sendo justa, tive também muito, muito bons amigos, preocupados comigo, até se comia e com a hora do meu medicamento. Que fizeram novena para mim. Colocaram meu nome em suas igrejas, sejam evangélicas, católicas, centros espíritas, para enviar preces e vibrações...a eles, minha gratidão para sempre, em meu nome e da minha filha. Deus tudo vê e Ele não vai esquecer o que viu vocês fazerem por nós.
Tenho uma amiga que me deu o Salmo 91 que se chama "Salmo do Livramento," em um papelzinho da igreja dela. É para levar junto a si quando a angústia forte vier.
Muitas vezes durmo com ele de encontro ao peito e a foto da minha filha.

Chego aqui tentando me focar em um só assunto e ele se estende em outros...mas é bom que eu os deixe fluir porque se eu quiser impedir ou usar muito a razão este blog perderá a força que eu sinto que ele tem. E ele é emocional, pulsa como meu coração, sente dores, chora, sorri com as lembranças da minha Carol, em agradecimento a vocês.

As lágrimas me enchem os olhos...apartamento vazio...sem os passos, a voz dela, as risadas, ela sentada aqui na cama conversando comigo, olhar aqueles olhos encantadores, a palavra "mãe."

Eu sinto tanta falta de ouvir "mããããe." Não lembro se comentei com vocês que ouvi uma adolescente chamar a mãe que estava do outro lado da rua do mesmo jeito , como ela fazia quando me via chegando, e parecia que era ela. Ao ver aquela mãe e aquela filha, pareceu que eu a via na frente do prédio. A voz de minha Carol chamando mãe está tão forte em minha mente que se eu me esforçar muito acho que consigo escutar de verdade.


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