FORAM-SE AS AVES
Foram-se as aves.
Seu voo de todos os dias emudeceu.
Em sua debandada levaram parte de algo
que meu dia um dia conheceu.
O silêncio se fez na janela onde, felizes,
as aves vinham me presentear com seu canto.
E no silencio da saudade meus olhos
vêem seus olhos que amo tanto.
Será que algum dia essas mesmas aves
voltarão à janela e gorjearão novamente?
Voltarão com o mesmo entusiasmo de antes?
Será que meus ouvidos ouvirão
o mesmo cantarolar alegre e festivo
de dias não tão distantes?
Oprime-se o peito saudoso dos momentos
em que a vida parecia ter mais graça.
Será mesmo assim?
Tudo tem mesmo seu tempo? Tudo passa?
O som dos seus cânticos entoados fazem eco
em meu ouvido que se ressente dessa solidão.
Clama pela volta da sinfonia harmoniosa
que sempre me alegrou o coração.
Convivo com o dia vazio e oco,
imaginando, perplexo e sombrio,
que essa sinfonia venha me preencher o vazio
que me enlouquece pouco a pouco.
Foram-se as aves. Seu canto se foi.
Em mim um temor extremo de que esteja
perdendo o único motivo real que
ainda me resta: a certeza da festa do amor.
E que esse amor no meu amor permaneça.
E que assim como as aves não se vá.
Não me esqueça.
(MARCO MOTTA)
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Lei nº 9.610/98,
Violá-los é crime estabelecido pelo Artigo 184
do Código Penal Brasileiro