Um dia a gente cai, chora baixinho, conversa a sós com Deus.
No outro, o coração amanhece mais disposto e não pensa tanto na nostalgia da vida.
Acorda pro mundo sem ditar muitas regras, sem se impor tanto, limpando as impurezas que ficaram pelos cantos da casa.
Um dia a gente percebe que o tempo está passando, e que as cores desbotam se não nos retocarmos vez em quando. Se não alisarmos nossos sentimentos para que não endureçam.
Um dia a gente rói a corda, balança ao vento, distribui sorrisos pelos dias mais amenos e menos conflitantes.
Aprende a suportar o inverno mais longo, o verão mais quente.
Aprende a ser gente. Aprende a ir pelo caminho que Deus pede. Arrisca um passo diferente. Insinua-se diante do desconhecido sem medo.
Um dia a gente vai dando mais linha, vai aparando as arestas, respirando pelas frestas se preciso for para sobreviver.
Um dia a gente senta e lembra de tudo. Respira fundo e diante de um novo amanhecer segue adiante. Segue com dignidade. Sem manter o olhar cabisbaixo; e sim pronto pra florescer.
Sil Guidorizzi