Fazes-me faltas
Fazes-me falta como o sol.
Os meus dias sem ti são cinzentos e frios.
E o meu pensamento enevoado teima em deixar sonolenta a felicidade em mim. Suspiro, tento, desisto... e o vento da amargura sopra-me na pele, adensando as nuvens de tristeza e sublinhando a certeza infinita de que, tal como o sol me fazes falta.
Os meus dias sem o sol são noites acordadas.
E não há estrelas.
Não há luar.
Os meus dias sem sol são chuvas de abismo e tempestades sem vida.
São tormentos ventosos de eternidades que se estendem em segundos de saudade e que adensam até me criarem montanhas de solidão no peito.
E, em redor, se não estás, apaga-se a vontade das estrelas e do luar.
Os abismos pesam e as lágrimas correm.
Fazes-me falta como o sol.
Quando não há sol e tu não estás, a minha vida avança em correntes de apatia.
Não há nada que me puxe ou que me mova.
Não há nada que me faça sorrir.
E quando o sol brilha e tu não estás, há uma memória saudosa de ti, inerente ao suspiro calado que deseja que, algures, o sol te beije o rosto e te aqueça os dias.
Fazes-me falta como o sol.
Faz-me falta a tua presença para dar à minha vida uma sensação amena de alegria, de contentamento, de felicidade.
E fico incompleta quando essa luz, que é tua e do sol, não me adentra os olhos negros para os iluminar com nuances de ventura.
Mas é preciso saber: às vezes o sol não brilha.
Chove.
Faz vento.
Faz frio.
E lá fora as árvores agitam-se, na inquietude de não haver luz.
Às vezes o sol não brilha.
Mas, se estiveres, eu não me importo.
Talvez me faças mais falta que o sol... porque quando estás, mesmo que lá fora o dia esteja cinzento, iluminas o meu mundo e deixas um calorzinho ténue na minha vida.
Marina Ferraz