Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos - para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim.
Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada.
Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o q
ue acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui.
Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano.
Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: " Parar pra pensar, nem pensar ! ".
Lya Luft